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No dia 1 de Fevereiro 2009 inicia-se este projecto denominado “Nós Por Maior…Cá” um blog com interesse para todos os habitantes da Vila de Maiorca.

Numa sociedade cada vez mais Globalizada e onde o tempo escasseia cada vez mais o acesso a uma informação rápida e seleccionada é fundamental. A internet ganha cada vez mais relevância na sociedade, rompendo com os media tradicionais como a televisão rádio e jornais. Para dar resposta a este desafio foi desenvolvido este projecto de forma a potenciar o uso da palavra e a fazer uma reaproximação das pessoas na discussão de assuntos com relevância mútua.

Este é um espaço de todos e para todos e nesse sentido a colaboração de todos é sempre bem vinda.

Para tal, faça chegar até nós, informações úteis, e sugestões de temas a serem abordados, através do E-mail: nospormaiorca@gmail.com

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Administração

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Conta-me como foi... 25 de Abril



Liberdade, Liberdade, Liberdade foi a palavra de ordem no celebre dia 25 de Abril de 1974, já passaram 35 anos que são recordados por todos aqueles que o viveram de forma mais ou menos sentida, não deixa ninguém indiferente existe um antes e o depois, como viver a preto e branco e depois a cores. Para uns muito mudou para outros tudo mudou, mas existem aqueles que nada mudou são aqueles que nasceram depois do 25 de Abril de 1974 que sempre conheceram só um mundo de cores e liberdade.
Antes do 25 de Abril 1974 seria impensável imprudente e impossível que existisse um espaço de debate como este, onde todos pudessem expressar as suas opiniões sei rei nem rock, seriam todos alvo de censura perseguição, inquisição, tortura, represálias e prisão, existia um clima de medo e obediência perante o Estado.

“No dia em que o Povo foi livre não me deixaram sair de casa. No dia em que todos os adultos davam pulos de alegria como só as crianças sabiam dar, não pude pular com eles. Os meus pais ainda estavam em Lisboa e a minha avó tinha pavor que me acontecesse qualquer coisa.
Lembro-me que já nesse dia, e em muitos outros que se seguiram, a rádio estava sempre a passar a mesma música. Desta eu não gostava nada: aquele som de pessoas a caminhar sobre cascalho fazia-me lembrar um cortejo fúnebre e, de facto, com tenra idade, não tinha possibilidade de saber o que estavam eles a enterrar. Da minha janela vi homens e mulheres de todas as idades andando de um lado para o outro, ansiosos, excitados, dizendo palavras que mal conhecia, e lembrei-me de como também ficava irrequieto quando nas manhãs de 25 de Dezembro esperava de olhos semicerrados que o Pai Natal descesse da chaminé para colocar as prendas ao pé da árvore.
Quando passou um vizinho que eu conhecia bem, já estava determinado em desvendar o mistério de uma vez por todas. Debrucei-me sobre o parapeito da janela com a cabeça toda esticada lá para fora, quase em desequilíbrio, e perguntei «Que prenda é que recebeste?» Ele olhou para mim com ar surpreendido, ficou ali uns segundos a pensar, depois iluminou-se num enorme sorriso: «A liberdade, rapaz, a liberdade!»”

Este tópico fica aberto para que todos aqueles que viveram o 25 de Abril de 1974 possam partilhar um pouco das suas histórias pessoais e um pouco de como era a sua vida em Maiorca para que aqueles que não o viveram possam ficar mais elucidados.

4 comentários:

  1. Libredade, mas será que todos a sabem usar?
    Acompanho algum tempo este Blog e cada vez mais fundamento as minhas ideias de que o 25 de Abril não incutiu o mesmo ideal de Liberdade em todas as pessoas, muitos apenas fazem uso da libredade para denegrir insultar. Aplaudo aqueles que lutaram por uma liberdade justa e que se preza por lealdade igualdade uma libredade saudavel e construtiva.
    Quando os temas discutidos neste Blog tem um teor menos brejeiro existe uma menor ousadia de fazer uso da liberdade pela qual todos lutaram o 25 de Abril.

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  2. É de lamentar que num determinado universo as pessoas não tenham um simples comentário em relação a este tema. Como acima se disse existem assuntos que incentivam ao insulto e que a administração deveria conduzir ao bom senso, não basta só avisar, é preciso também serem moderadores.
    Em relação ao 25 de Abril
    Além de tudo mais esta data foi importante para as mulheres em todos os níveis, social, económico etc
    Começou a existir um pricipio de igualdade de direitos entre os homens e as mulheres, o que até aqui não se verificava. A participação na vida politica foi outro ponto conseguido entre nós.

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  3. Partilho da opinião anterior, o 25 de Abril foi muito marcante, mas os jovens não sabem a importância que teve, sempre viveram neste mundo pré-concebido de "Morangos com Açúcar e Rebeldes não sei das quantas" onde se faz tudo o que a real gana dá, quero posso e mando e o pai deixa porque o 25 de Abril também passou a deixar.
    Houve famílias destruídas pessoas presas e outras que tiveram de fugir do país, pessoas que iam para a guerra quando o seu ideal era a paz.
    É mesmo de lamentar que um tema com tanto para dizer o silencio é quem mais fala...

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  4. Nuno Cruz, Anónimo e Bernardo...

    O tema refere explicitamente:

    "Este tópico fica aberto para que todos aqueles que viveram o 25 de Abril de 1974 possam partilhar um pouco das suas histórias pessoais e um pouco de como era a sua vida em Maiorca para que aqueles que não o viveram possam ficar mais elucidados."

    Nós, os tais que sempre vivemos neste mundo formatado "Morangos", não vivemos o 25 de Abril, não podemos contar como foi.

    Mas também não confunda "juventude" com a pandilagem da "morangada"... é que muitos de nós somos jovens sem necessitar desses tipos de fruta.

    E se não posso falar da minha vida durante a ditadura, de como foi o meu 25 de Abril ou os conturbados tempos do pós-revolução, porque nasci já na década de 1980’s, posso-me socorrer de algumas das sempre sábias e significativas palavras do camarada José Afonso acerca desses tempos:



    "Eu sou do tempo em que os polícias andavam pelos jardins a ver quais eram os parzinhos enlaçados para lhes pedirem a identificação e os levarem para a prisão. É importante que estes putos novos saibam que o fascismo não era só um sistema político, mas que era também um modo de vida que nos envenenava a todos e que conspurcava aquilo que havia de mais caro, mais imediato e mais sincero em todos nós... E que este tipo de "permissividade” que, apesar de tudo, se vive hoje e a naturalidade com que hoje se encaram coisas que eram consideradas grandes pecados são dados resultantes do 25 de Abril..."

    Entrevista a Viriato Teles, in «Se7e», 26/1/83



    "0 medo foi sempre um sentimento que conviveu comigo. 0 medo a que se sobrepunha uma sensação de angústia, género «Como é que me vou comportar em tal ou tal situação?». Pouco depois dos acordos do Alvor fiz uma digressão com o Fausto, em Angola, e vivemos situações difíceis. Também aí tive medo várias vezes. (...) Tudo começou numa conferência de imprensa em que eu defendi o MPLA contra os outros movimentos. A partir daí as provoca­ções acompanharam-nos por todo o lado. Tipos da UNITA, da PIDE, que ainda por lá anda­vam, da FNLA, etc. Foram uns bons cagaços. (...) 0 medo é uma coisa substancial em mim."

    Entrevista a José Amaro Dionísio, in «Expresso», 15/6/85



    "0 que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a criar álibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado! (...) Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que, qualquer dia, estamos reduzidos à condição de “homenzinhos” e “mulherezinhas”. Temos é que ser gente, pá!"

    Entrevista a Viriato Teles, in «Se7e», 27/11/85




    "... de facto, os jovens por vezes não se destacam do sistema. Limitam-se a constatar que não há saídas. Essa atitude tem de ser modificada e são eles que a têm de modificar. Se for preciso partir a loiça, escavacar tudo isto, acabar com a burocracia para criar uma sociedade diferente, eles que o façam. Partam mesmo a loiça. Mas são eles que o têm de fazer. Não são os homens da minha geração. Os homens e as mulheres. Aliás, sem as mulheres não se pode fazer nada. Pressinto que, de facto, as mulheres vão ter um papel muito importante na futura sociedade, contanto que não tentem imitar os homens no que eles têm de mau...
    Como é que da política se chega à música e da música à consciência? Eu acho que as coisas podem estar ou não ligadas, depende do lado para onde estivermos virados. Mas o que é preciso é criar desassossego. Quando começamos a procurar álibis para justificar o nosso conformismo, então está tudo lixado. E, quando isto acontecer comigo, eu até agradeço que os meus amigos me chamem a atenção e me critiquem.
    No campo da música continuo interessadíssimo. (...) Estou interessado sim, pelo que por cá se faz. Acho que, acima de tudo, é preciso agitar, não ficar parado, ter coragem, quer se trate de música ou de política. E nós, neste país, somos tão pouco corajosos que qualquer dia estaremos reduzidos à condição de 'homenzinhos' e 'mulherezinhas'. Temos é que ser gente!
    Admito que a revolução seja uma utopia, mas no meu dia a dia procuro comportar-me como se ela fosse tangível. Continuo a pensar que devemos lutar onde exista opressão seja a que nível for.


    Entrevista a Viriato Teles, in «O Jornal», 27/4/84

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